terça-feira, 29 de abril de 2014

Pequena Rotina.

São 8 da manhã, estou atrasada. Dormimos além da conta depois de ficarmos acordados até as 04h43min da madrugada formando desenhos nas estrelas. Deitados na cama, você me olha com cara de sono, o rosto marcado, pois você provavelmente dormiu em cima do meu cabelo. Seus olhos estão vermelhos e inchados, você os fecha, faz um biquinho e me joga um beijo. Eu dou uma risada, você sorri e pergunta com a voz rouca e manhosa  “Podemos ficar na cama o dia todo ?” eu dou outra risada e balanço a cabeça. Você faz uma cara de bravo, eu te dou um selinho e me sento. Meu cabelo provavelmente está uma merda, você me puxa pelo braço me fazendo deitar novamente, eu volto a me sentar  e saio da cama antes que você me convença a ficar na cama para sempre.
Na cozinha, preparo nosso café da manha  - pão doce e café preto, sem açúcar – sabendo que você não vai levantar antes das 11h. Vagabundo.  Estudando engenharia a noite, filho de pais ricos – um arquiteto e uma renomada cozinheira – ele não precisava trabalhar, na verdade ele não precisava fazer nada além de comer, dormir e ir para a faculdade. Mas comigo a historia é diferente, vinda de família pobre, eu tive que ralar muito para ganhar a bolsa de medicina na melhor faculdade de São Paulo.
Foi lá que nos conhecemos, no meio de meninas mais bonitas, inteligentes e engraçadas estava eu, e você me notou. Me chamou para sair, me mimou e fez tudo o que eu queria mas eu só me apaixonei por você quando você chorou no meu colo pela morte da sua cadela  - uma golden retriever que eu nunca tive a chance de conhecer – naquele momento você derrubou todas as sua barreiras e foi daquele jeito que eu comecei a te amar. Começamos a namorar dois dias depois e fomos morar juntos – contra a vontade dos seus pais, que nunca gostaram de mim – um mês depois.
Deixei o café pronto em cima da mesa, junto com um bilhete de bom dia. Corro pro chuveiro e me arrumo depois de uma ducha rápida. Meu turno na cafeteria já começou a mais de uma hora, meu chefe vai me matar.

Tudo pronto, com a chave já na fechadura percebo que me esqueci de fazer a coisa mais importante do dia. Corro para o quarto me equilibrando nos saltos de 13 centímetros – que não me deixam mais alta que ele – e o encontro dormindo, dou um cutucão, e você resmunga. Te dou um beijo na bochecha e te digo “Eu te amo”, saio correndo do quarto mas ainda dá tempo de te ouvir dizendo que me ama. Pronto, meu dia está feito. Saio de casa com um sorriso no rosto e saio para mais um dia normal.   

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